Julho é o mês escolhido para intensificar a luta contra as hepatites virais, doenças muitas vezes silenciosas que colocam em risco a saúde de milhões de brasileiros. A campanha Julho Amarelo tem como objetivo mobilizar a sociedade, ampliar o acesso à informação e incentivar a testagem precoce, essencial para o combate efetivo dessas infecções. As hepatites são inflamações no fígado causadas por diferentes vírus — os mais comuns são os tipos A, B e C — e podem ser transmitidas por contato com água ou alimentos contaminados, relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas e instrumentos cortantes, ou ainda da mãe para o bebê durante a gestação. Por sua característica muitas vezes assintomática, o diagnóstico costuma ser tardio, dificultando o tratamento e aumentando os riscos de complicações graves como cirrose e câncer hepático.
Embora nem sempre apresentem sinais claros, as hepatites virais podem provocar sintomas como cansaço extremo, febre, dor abdominal, náuseas, olhos e pele amarelados (icterícia), urina escura e fezes claras. Em muitos casos, no entanto, os pacientes só percebem que estão doentes quando o fígado já está comprometido. Por isso, o Julho Amarelo reforça a importância da testagem regular, mesmo na ausência de sintomas, principalmente entre pessoas que fazem parte de grupos de risco. A infecção pode evoluir de forma silenciosa por anos, e a falta de conhecimento sobre o próprio estado de saúde é um dos principais obstáculos para o controle da doença no país.
A prevenção é o caminho mais seguro para evitar o contágio. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente vacinas eficazes contra as hepatites A e B, além de testes rápidos e exames laboratoriais para detecção da doença. Evitar o compartilhamento de objetos pessoais como lâminas e escovas de dente, utilizar preservativo em todas as relações sexuais e exigir condições adequadas de higiene em procedimentos estéticos como tatuagens e piercings são medidas fundamentais. O acesso à informação, aliado a práticas de autocuidado, pode fazer toda a diferença na redução da transmissão viral e no diagnóstico precoce.
O tratamento, por sua vez, também é oferecido gratuitamente pelo SUS e vem se tornando cada vez mais eficaz, especialmente para a hepatite C, cujas novas terapias apresentam taxas de cura superiores a 95%. Identificar a doença no início é o primeiro passo para garantir qualidade de vida ao paciente e interromper as cadeias de transmissão. O Julho Amarelo, portanto, não é apenas uma campanha institucional: é um convite à conscientização coletiva e à responsabilidade individual com a própria saúde. Procurar um posto de saúde, fazer o teste e se informar pode ser o gesto que salva vidas — inclusive a sua.