No cenário político brasileiro, a deputada bolsonarista Júlia Zanatta protocolou uma proposta polêmica para acabar com o Imposto de Renda no país. A iniciativa vai além dos projetos em discussão no Congresso, que preveem apenas corrigir a tabela e ampliar a faixa de isenção, e reacende o debate sobre justiça tributária e o papel do Estado na arrecadação. Para críticos, a medida beneficiaria diretamente os mais ricos, reduzindo a progressividade do sistema tributário.
Defendendo sua proposta, Júlia Zanatta argumenta que o imposto de renda “representa uma restrição ao direito do indivíduo de usufruir plenamente do fruto do seu trabalho”. Segundo ela, o tributo, criado originalmente como instrumento temporário para financiar guerras, teria se transformado em um mecanismo permanente de penalização do contribuinte. “Com o tempo, o que era exceção virou regra, e a lógica se inverteu: hoje, o imposto de renda já não sustenta a defesa contra inimigos externos, mas sim uma guerra silenciosa do Estado contra o próprio cidadão — tratado como suspeito, forçado a entregar parte do fruto do seu trabalho sob ameaça de multa ou punição criminal”, afirmou a parlamentar.
Parlamentares da oposição reagiram com críticas contundentes. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, questionou por que o governo anterior, do qual a deputada fazia parte, não corrigiu a tabela do Imposto de Renda ou adotou medidas similares quando teve oportunidade. O governo Lula, por sua vez, defende a ampliação da faixa de isenção até R$ 5 mil, acompanhada de tributação sobre altos rendimentos e dividendos, para evitar desequilíbrios fiscais. Especialistas alertam que a extinção total do imposto, sem alternativas de compensação, pode comprometer seriamente a arrecadação e transferir a carga tributária para a classe média e para o consumo.